Sequestro emocional: quando a emoção “rouba” a razão.

Era sábado e logo cedo Fernanda, que morava na capital paulista, viajou cerca de duas horas até a cidade de Brotas, interior de São Paulo para encontrar-se com o namorado Marcos com quem pretendia passar o dia. Já no restaurante, Marcos deu um presente que Fernanda estava querendo há muito tempo, um bracelete da pandora, comprado com muito esforço. Mas a alegria de Fernanda acabou quando sugeriu ao namorado que fossem assistir um filme que estava louca para ver e Marcos lhe disse que não seria possível, pois tinha um treino de futebol. Indignada e magoada, Fernanda se levantou chorando disse ao namorado “Eu saí de casa pra vir até aqui pra você me dizer que vai me trocar por futebol?”, deixou o restaurante e num impulso jogou o bracelete que ganhara no lixo. Hoje, ao contar a história, Fernanda não se arrepende de ter saído do restaurante, mas da perda do bracelete.

Na história narrada acima, temos um exemplo claro de quando as emoções dominam a nossa razão, situação em que agimos exclusivamente por impulso. Mas afinal, o que acontece conosco que nos faz perder completamente a lucidez e o controle?

Nossas emoções possuem uma forma de funcionar, e no momento em que ocorre o sequestro emocional não é diferente. A grande responsável por essa roubada é a estrutura cerebral chamada amígdala, a central de todas as reações emocionais no ser humano.

Acontece que ela é “avisada” mais rapidamente sobre os estímulos considerados ameaçadores do que o neocórtex , a estrutura que podemos considerar como a nossa razão e que teria condições de ponderar e avaliar se se trata realmente de uma ameaça, se fosse “avisado”primeiro, claro.

Mas o que a amígdala entende por ameaça para provocar reações tão…descontroladas? Ao longo da evolução da espécie humana fomos moldando nosso repertório emocional e as emoções foram responsáveis pela preservação da nossa espécie já que naquela época parar para pensar poderia significar viver ou morrer. Pois bem, amígdala ainda atua para preservação da nossa espécie, mas com a vida moderna que levamos, quase sempre ela age equivocadamente. 

Para “fugir” desse sequestro emocional o melhor caminho é o autoconhecimento. Sim, aprenda sobre você e seu funcionamento, comece a se observar e identificar quais são as situações, atitudes de outras pessoas ou acontecimentos que despertam uma alteração emocional em você. Perceba como estas situações te fazem reagir: você fica mais triste, mais agressivo, mais alegre, com raiva, feliz? Use uma espécie de termômetro interno e aos poucos perceba seus padrões emocionais, essa é uma boa forma de você identificar o que antecede uma reação emocional descontrolada. No entanto, para isso, será necessário você se voltar para seu mundo interno, será preciso que você observe mais atentamente o que acontece dentro de você.

Ao desenvolver esse autoconhecimento e conhecimento sobre suas emoções e o que pode provocar sua alteração de modo positivo e/ou negativo, você começa a entender quais são os gatilhos que geram suas emoções e assim você terá condições de pensar racionalmente sobre elas antes dos sequestros emocionais acontecerem. Poderá pensar ações alternativas e estabelecer estratégias para uma resposta mais assertiva nas situações adversas.

Por exemplo, você percebe que fica extremamente irritado quando alguém fala alto contigo ou  quando se sente criticada. Reflita sobre essas situações e pense qual a melhor conduta a ser tomada. Veja que ao pensar sobre a situação antes dela acontecer, você consegue ter mais clareza para um resposta adequada deixando de agir meramente pelo impulso. E assim você consegue reduzir as chances de ser “emocionalmente sequestrada”, evita conflitos e desgastes emocionais.

Com alegria,

Psi Tamirys Carvalho

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